Fecho a porta e entro no quarto escuro. Nesse quarto agora vazio em que o vento gélido da tua ausência me provoca arrepios de dor.
O teu nome aflora-me aos lábios e digo-o num murmúrio inaudível. Onde estás? Abraço o meu próprio corpo e invoco os momentos que trago tatuados na minha memória dos tempos felizes. Toco com os lábios na ponta dos dedos onde guardo as geografias do teu corpo.
Sinto agora todo o peso das consequências nefastas. Mas prefiro mil vezes viver com elas que viver sem te ter vivido. Do que me quedar em dias de saudade a pensar no que teria sido se eu tivesse tido coragem.
Sento-me na borda da cama. O quarto está escuro e eu também. Mas algo brilha na cómoda, são as flores de Alderon. Um verdadeiro milagre da natureza. Como foi possível à semente encontrar uma fissura naquele solo tão firme. Quantas horas de carinho e paciência para que a planta crescesse até a termos deixado ao vento de Maio.
Não, as flores de Alderon nunca poderão morrer. Nem que tenham de ser alimentadas com o sangue das minhas lágrimas clandestinas.