Ao chegar a casa levei a mão ao telemóvel. Estava silencioso como tinha permanecido durante toda a cerimónia em sinal de respeito. Fúnebre.
As minhas mãos ágeis percorreram os menus e a lista de contactos até à letra J e imobilizaram-se no teu nome. E só aí, quando pressionei a tecla DEL é que percebi que nunca mais ouviria a tua voz do outro lado. Que não quebrarias com uma gargalhada sonora todas as minhas preocupações e frustrações. Que não estarias à distância de um SMS mandado disfarçadamente no meio de uma reunião maçadora.
Olhei para o aparelho, agora inútil ainda que cheio de nomes e atirei-o pela janela ouvindo-o estilhaçar-se contra o vidro de um carro. Depois o alarme do carro e finalmente as lágrimas a soltarem-se.
Merda de vida.