Postby Agnor » 24 Sep 2005 15:43
Esperaria, talvez, um homem de aspecto carrancudo e com barba por fazer. Talvez um jovem uns dez anos mais velho do que ele, apontando uma arma com firmeza. Mas quem estava à sua frente era uma simples rapariga, que aparentava ter mais de 25 anos, a mesma com quem momentos antes chocara.
Os seus olhos aparentavam incredulidade, mas não mais do que os olhos do rapaz emanavam. Aproveitou aquele momento para observar o seu cabelo cor de rosa suave e a sua cara, maquiada que revelava traços severos e de inoncência: uma antítese que surpreendemente a tornava bela.
"Deus, como é bela!", pensou Joel. As únicas mulheres que vira até então foram as carrancudas instructoras do seu curso, mais velhas do que ele muitas vezes dez anos, e que eram donas de uma beleza que metia pena aos céus, uma beleza nula. As extremas condições ditatorias da Colónia não permitiam a junção entre rapazes e raparigas com menos de vinte anos. No entanto aqui estava ele, junto a uma rapariga jovem pela primeira vez. Involuntariamente o rapaz baixou um pouco a arma, o seu dedo já não preso ao gatilho.
Leelo também aproveitou para observar o rapaz. Vê-lo ali em carne e osso era uma confirmação do que a excitou tanto desde o momento em que recebeu o papel com a sua fotografia. As semelhanças com o seu irmão mais novo eram quase inconfundíveis. Talvez alguns traços na cara, as proporções do corpo, o penteado e a cor dos olhos eram diferentes. Porém algo no seu olhar, na sua expressão, recordava-a o seu irmão. Pensamentos de fraternidade, misturados com horror e morte, amoleceram-lhe o coração e uma voz trouxe-lhe de volta ao presente:
- Quem és tu? - perguntou Joel, tentando ocultar o facto de ter baixado a guarda.
- Aqui sou eu quem faz as perguntas - disse enquanto apertou mais fortemente a sua arma.
- Não me vais matar, já o poderias...
- Nem tu! A minha vida não significa nada aos meus mestres. No momento em que os meus sinais vitais diminuirem drasticamente um explosivo que tenho imbutido no corpo irá detonar tudo num raio de 20 metros.
Joel vacilou durante um momento. Saberia que a rapariga não o mataria, os seus olhos mostravam-lhe isso e, além disso, teve melhores oportunidades antes. Também não sabia se ela estava a fazer bluff, mas de qualquer modo não a queria matar a não ser que fosse extremamente necessário.
- Ok - disse inconformado, mas ainda a segurar a sua arma apontada à cabeça dela. Não estava a ver como iria sair daquela situação, mas sabia que tinha uma vantagem.