E ao oitavo dia a semana desvanece-se. As trevas rasgam-se em absurdos de calor e a tua boca cola-se à minha como se não houvesse amanhã.
Nem há.
Ao oitavo dia o mundo é só nosso. Na obscuridade das sombras as nossas peles inebriam-se no festim dos corpos e as palavras são ditas em sussurros quentes, quase inaudíveis, porque não há nada para dizer que não tenha já sido dito.
Ao oitavo dia o corpo rejubila. Os olhos chispam relâmpagos e as mãos percorrem caminhos sinuosos que a pele recolhe em momentos de prazer. O oitavo dia tem a melodia da tua respiração descompassada e o cheiro dos teus cabelos rebeldes.
É no oitavo dia que a semana, finalmente, vence a batalha contra o quotidiano sem sentido dos outros sete dias. Que percorremos cidades fantásticas e desenhamos mapas que mais ninguém pode ver.
O oitavo dia é efémero.
Mas é nosso.