Amanhã vão correr para mim e abraçar-me e logo depois afastarem-se, meios constrangidos com a demonstração pública de afecto. Vamos andar os três lado a lado, os passos a emaranharem-se uns nos dos outros e as palavras a atropelarem-se enquanto cada um tenta contar algo divertido que se passou no seu dia.
Depois haverá momentos de silêncio e de sorrisos cúmplices em que nos sentiremos ainda mais próximos do que quando falamos, os olhares a convergirem para um barco que passa ao fundo, ou apenas para as folhas a voarem ao vento. Olharei para vocês e terei a certeza absoluta que estaremos sempre juntos, mesmo quando não o estamos.
Depois, para evitar a pieguice, iniciaremos a sessão de parvoíces, das gargalhadas ao vento e das pequenas picardias. O dia decorrerá pela noite dentro e ninguém terá vontade de ir para a cama ou sentirá o peso das horas nas pálpebras.
Finalmente, discretamente, ficarei a ouvir-vos adormecer e uma lágrima teimosa tentará escorrer pela cara abaixo, num escorrega de emoções que não permitirei, porque a felicidade de vos ter como filhos não é compatível com lágrimas salgadas.
E tudo isto será assim, não por ser dia 19 de Março mas por ser um dia do Pai.